sábado, 2 de maio de 2009

Das Experiências...

Strasbourg (França), 1994. Sábado, seis da manhã, dia frio, não conseguia enxergar Saint-Ame, as nuvens cobriam a cidade. Desci a montanha, tudo ficando mais escuro, parei no posto e enchi o tanque, na minha mente Satrasburg era o objetivo. Continuei descendo a montanha, sentido a fronteira (França e Alemanha), ao chegar a Strasbourg tive um pequeno problema com a policia, facilmente contornado com uma cara de pau impressionante, nem eu acreditei. Como tinha dezenove anos não podia dirigir em outro país sem ter carta de lá. Estacionei meu carro na lateral de uma igreja, a beira de um lindo canal e fui andar e conhecer o centro antigo da cidade. Passeando pelas belas ruas, observando a arquitetura, contraste entre a moderna e o centro medieval, as igrejas e a belíssima Catedral Gótica do centro, com suas esculturas fantásticas e portais monumentais e inimagináveis em sua estrutura. Estava andando por uma grande praça, Place Kleber, de pedras, que observando com mais detalhes, era de granitos provenientes do Brasil e tinha sido construída a menos de três anos, como um projeto de revitalização do centro histórico. Andando pela praça fui abordado por um homem com um grande casaco que me perguntou o que estava procurando, disse que nada, apenas passeando, viu que era brasileiro e começou a puxar conversa e depois de algum tempo me ofereceu drogas, abriu o casaco e lá tinha de tudo, de maconha a cocaína, agradeci e perguntei onde ficava a praça do comercio, Place du Marche. Sem palavras para descrever a beleza desta praça, renovada, mas mantendo o padrão original do designer e o padrão de cor das pedras. Passeando pela Place du Marche, me deparei com uma loja da Paco Rabanne, certo, sou um apaixonado por um perfume da Paco Rabanne denominado Ténéré, que infelizmente vez por outra é interrompida sua produção. Entrei na loja e fui recebido por uma linda suíça, loira, magra, seios médios, olhos castanhos claros, cabelos longos, lisos e simpática. Perguntei sobre o perfume e me disse que estava em falta, na verdade a Paco tinha parado de fabricar, o que me deixou indignado, me apresentou outros, terminei comprando outro e na cara dura perguntei de que horas ela iria sair, com uma mistura de Frances com inglês desajeitado. Ela super simpática disse que sairia às nove da noite e a convidei para tomarmos algo nos bares da praça, ela sorriu e aceitou. Nove em ponto estava na frente da loja, nem sabia onde iria dormir, pois não tinha procurado nenhum hotel, mas sabia que existia um albergue e tinha minha carteira do STB e o passaporte, dava pra desenrolar. Fomos caminhando até um bar, ficamos na calçada conversando, ela gostava de cerveja, que bom, eu adoro cerveja. Conversa vai, meio desengonçada pela questão idiomática, mas fluindo e depois de alguns copos ela me convidou para ir a uma festa de amigos em uma boate e seguimos, meio, eram umas onze da noite, chegamos e tomei algumas coca-colas com café pra agüentar a noitada. Chegaram umas amigas e amigos, entre os amigos estava o cara que conhecera a tarde vendendo drogas, mundinho pequeno!!! Em uma cidade com quase oitocentos mil moradores tinha de estar lá, me preocupei, afinal era estrangeiro, mas a noite foi fluindo, até que uma amiga dela disse que eu deveria tomar “bomba”, uma espécie de drink feito com dez tipos diferentes de bebidas alcoólicas e café. O terrorismo da coisa era que pra cada dez quilos do meu corpo teria de tomar um copo e como pesava cento e dez quilos e o negócio era pesado, fiquei só imaginando, então após tomar o primeiro pedi licença, fui até o gerente da boate e pedi para que guardasse meu passaporte e cartões de crédito, não sabia onde iria terminar aquela noitada, e por coincidência o gerente era português e conversamos uma pouco, super gente boa. Deixei as chaves do carro, passaporte, cartões de crédito, ficando apenas com a carteira de motorista, cópia do passaporte (sempre ando com uma na jaqueta) e dinheiro. Voltei para a mesa e me dediquei à prova dos onze copos de “bomba” e muita conversa fora, até onde podia entender afinal aquele coquetel estava fazendo efeito e os pensamentos se conturbavam. Daqui a pouco começaram as idas ao banheiro, em grupos, ou seja, o pó já estava rolando e a noite se estendendo. (continua...)